segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Abrigo



  Quem dera os braços teus fossem abrigo meu na manhã de um domingo fresco. Pode ser que em outra vida, nossas vidas se reencontrem, pode ser que você não se vá. Que na verdade, fique todo o tempo que tiver que ficar. Todos os dias eu peço para que te tragam de volta, já deve ter uma caixa com todos os meus pedidos, já deve estar cansativo ouvir a mesma coisa. Sempre. Mas o que eu posso fazer se eu insisto nessa mania de achar que um dia... Que um dia alguém me ouça.

  E as lembranças sempre passam pela minha cabeça como um filme, de forma lenta. Eu sei, é doentio, é loucura desejar tanto algo que me escapou pelos dedos, que eu não soube cuidar. Talvez eu ainda não saiba. Quando eu tento fugir é quando eu me apego mais ainda as lembranças, é quando sua voz soa mais alto nos meus ouvidos. 

 Quando você aparece nos meus sonhos, quando me diz o que fazer, me declaro louca. Quem dera fosse verdade que todos os seus sorrisos fossem meus. 

domingo, 22 de setembro de 2013

Cartas



  Te escrevo cartas, dezenas delas, mas não termino nunca, nenhuma. Não sei colocar um ponto final, não sei dizer adeus, pelo menos não definitivamente. E ficam aqui guardadas, assim como as palavras que eu queria te dizer, ficam sem um fim, diferente de nós. Bem lá no fundo, lá no fundo mesmo, eu sei que não teria coragem de te enviar nenhuma delas, aí se acumulam em um canto do meu quarto, da mesma forma que a saudade que eu sinto se acumula no canto do meu peito. Penso as vezes, se alguma vez você também me escreveu, ou pensou, Ou guardou num canto do teu quarto uma saudade que nem sei se existiu. Mas não penso muito, só o suficiente para não te deixar sumir de vez de mim.

  E quando penso muito, escrevo. Me alivia da falta que sinto de ti, preenche a tua ausência, não sempre, não por completo. É como se minha mão tomasse o lugar da minha boca, e o meu coração se abrisse sem medo de nada. Medo, talvez, só de não saber dar um ponto final nisso tudo.

  Aí deixo tudo num canto do meu quarto, inclusive a saudade.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

História



Me pediram para contar sobre nós. Eu sei, deveria ter esquecido, colocado uma pedra em cima de tudo isso, fingido que nunca aconteceu, mas não posso. Não consigo. Não que eu não queira, só não sei como fazer isso.

Eu digo todos os detalhes, exatamente todos, do mais insignificante até o mais precioso. Aquele detalhe clichê dos teus olhos que sorriam. É, eu sei, ainda me lembro, não tão bem quanto gostaria, afinal já se passaram tantos dias. E meses. Sinto que é quase como chegar ao fundo da alma atrás de lembranças e não encontrar muita coisa, pois muitas delas já foram levadas. Algumas sobreviveram bem, tais quais como os conselhos sobre ser feliz, seguir a vida e etc. Não que eu não queira, mas é que sem você me parece estranho, até difícil, complicado. Diferente.

Logo no início, eu me permiti viver sozinha, me livrar de vez de todas as coisas que aconteceram. Tive coragem até onde deu. Você me deixou bem, de uma forma ou outra, você sempre esteve próximo para que eu não naufragasse de uma vez por todas. O próximo que você estava não era o que eu queria, digo, nos meus braços. Mas se fui eu quem quis assim, por que ainda sofro pelo fim, não é? E mesmo que ainda estivesse aqui, sei que algo de errado eu faria, aí então, te perderia do mesmo jeito.

Me falaram para esquecer, iniciar do zero, criar uma nova história, começar tudo de novo. Não que eu não queira, só não sei como lidar com o fato de que no fim vai ser sempre igual.