O amor sempre vence, disso eu sempre soube. Ou não. Talvez eu tenha aprendido agora, com alguém. Mas não que eu queira falar sobre o amor, nem ao menos sei o que é isso, se sei, prefiro fingir que não. Não sou muito de falar sobre a felicidade, tenho em mim esse ar meio triste, meio pesaroso que pode ser até julgado como "casca", só que no fundo é mais uma proteção.
Amor deve ser algo como se vê nos filmes, todas aquelas idas e vindas de casais que não reconhecem que se amam e no fim, todos já sabem, é aquele mesmo clichê. Ou o amor deve ser, também, o cuidado, a proteção, o zelo, a paciência, o carinho, a cumplicidade, a tolerância, os puxões de orelha, as broncas, os risinhos bobos, os apelidos e as brincadeiras que nós vemos por aí. Pode ser que os dois sejam amor, quem de nós consegue definir o que é isso, na verdade? Amor pode ser aquele abraço quando não se tem palavras pra expressar o que está sentindo, o silêncio e o olhar, que compreendem o que o outro quis dizer. Pode ser até aquele suspiro longo num fim de tarde ensolarada no domingo. Quem é que sabe o que é o amor?
Quem sabe se compararmos o amor como uma montanha russa, com todos os seus altos e baixos, voltas e voltas. E mais voltas. Toda aquela emoção, aquela adrenalina que percorre pelo corpo inteiro, a sensação de frio na barriga. Não seria essa uma forma de sentir amor também? Amor também pode parecer com uma música, onde palavras descrevem entrelinhas o que você não consegue dizer. Amor pode ser uma fotografia, que faz questão de te lembrar o tempo todo do sorriso estampado no rosto do outro. Amor pode ser uma dança que te envolve. Por que quem é que disse que o amor é uma coisa só?
Amor é rir sem motivo, ficar sério e continuar a piada, é a briga na mesa de bar que termina com um beijo na volta para a casa. É o medo que some quando se está com alguém, é a vontade de prender a pessoa nos braços e não soltar, é o afago no rosto, o abraço apertado, é entrelaçar as mãos. É a canção que embala a noite, a felicidade instantânea, os minutos finais da despedida. É a história que não tem fim. É a vontade de ser feliz em se importar com o que os outros vão dizer, a saudade que se dissolve depois de um sorriso. É algo que ninguém nunca conseguiu comprar ou vender. Que se dá sem esperar nada em troca, que é de tamanha proporção que não acaba.
Mas eu disse que não falaria sobre amor, porque se bem me lembro, eu não sei nada sobre ele.